A Universidade de Coimbra vai liderar, ao longo dos próximos três anos, um projeto de investigação pioneiro que pretende aprofundar o conhecimento sobre a formação do cérebro nos primeiros dias de vida. Com um financiamento de 250 mil euros da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, o estudo focar-se-á na interação entre os sistemas vascular e imunológico no cérebro de recém-nascidos, mais concretamente no papel das microglias — células imunitárias do sistema nervoso central — na organização da rede de vasos sanguíneos cerebrais.
Intitulado Interação microglia-endotélio na construção do sistema cerebrovascular, o projeto insere-se no programa ERC-PT A-Projects, que apoia candidaturas nacionais bem avaliadas pelo Conselho Europeu de Investigação, mas não financiadas por limitações orçamentais. A coordenação cabe à investigadora Vanessa Coelho-Santos, do Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional (CIBIT) do ICNAS da Universidade de Coimbra.
“Ainda se sabe muito pouco sobre como as células endoteliais se organizam para formar a rede capilar cerebral e de que forma as microglias contribuem para esse processo”, sublinha a investigadora. Ao clarificar esta interação, o estudo poderá transformar a compreensão sobre o desenvolvimento do cérebro e abrir caminho a novas abordagens no tratamento de patologias cerebrais em recém-nascidos.
A investigação, de natureza pré-clínica, será realizada com recurso a modelos animais (murganhos), recorrendo à microscopia de multifotão, uma técnica de imagem avançada que permite observar em tempo real e com elevada resolução os processos dinâmicos do cérebro. O projeto decorrerá até março de 2028.
