A tradicional Romaria de São Geraldo, em Bolfiar, está a chegar ao fim esta segunda-feira, 10 de junho, após três dias de intensa vivência religiosa, cultural e comunitária no emblemático Souto do Rio. A festividade, que coincide com o feriado municipal de Águeda — a Segunda-feira do Espírito Santo — voltou a reunir centenas de fiéis, famílias e visitantes, reafirmando-se como uma das mais enraizadas celebrações do concelho.
O evento teve início no sábado e, desde então, o souto à beira-rio transformou-se num autêntico palco de devoção e convívio. No coração da romaria está a imagem de São Geraldo, venerada com fé por gerações. As celebrações religiosas incluíram missas campais, momentos de oração e a tradicional procissão que percorreu os caminhos rurais até à ermida, onde muitos devotos deixaram ex-votos — como tamancos, telhas ou cestos com ovos — em sinal de promessa cumprida ou pedido de proteção.
Paralelamente à componente religiosa, a festa foi animada por um programa cultural diversificado, com destaque para as atuações de bandas filarmónicas, grupos folclóricos e artistas populares. A Banda Castanheirense, o Rancho de Vale Domingos e o grupo “Os Tramboleiros” foram alguns dos nomes que contribuíram para manter viva a tradição musical da região. Ao longo dos três dias, houve também espaço para arruadas, danças e cantares que animaram o recinto.
Outro dos momentos emblemáticos foi a partilha de merendas, com famílias inteiras a estenderem mantas debaixo das árvores, reeditando um ritual de convívio profundamente enraizado na cultura popular. Entre tachos, garrafões e sobremesas caseiras, o souto tornou-se um espaço de comunhão entre gerações, onde se trocam histórias, afetos e memórias de romarias passadas.
A Romaria de São Geraldo, com origens que remontam ao século XVI, continua assim a afirmar-se como uma expressão viva do património imaterial de Águeda. Num tempo de mudanças aceleradas, esta celebração mantém-se fiel às suas raízes, unindo fé, identidade e comunidade num só espaço. A edição deste ano termina ao final da tarde, com nova arruada e momentos de música tradicional, mas deixa no Souto do Rio o eco de um encontro que é, antes de tudo, uma celebração das raízes e da memória coletiva.
