A Câmara Municipal de Leiria plantou aproximadamente 45 mil árvores em dois talhões da Mata Nacional do Urso, junto à Lagoa da Ervedeira, no âmbito de uma estratégia de restauro ecológico e valorização da floresta. O município aguarda ainda a cedência de um talhão na Mata de Pedrógão, o que aumentaria a área sob sua gestão para 90 hectares.
Segundo Luís Lopes, vereador do ambiente, a autarquia gere atualmente os talhões 263 e 264, com um total de 60 hectares. O primeiro foi atribuído à câmara em 2022, e o segundo, em 2023.
A intervenção insere-se na política de reflorestação após os incêndios de outubro de 2017, que devastaram a vegetação da região. A situação agravou-se em 2018, com a tempestade Leslie, que provocou a perda de mais árvores e acelerou a degradação dos solos.
Espécies autóctones e biodiversidade reforçada
A plantação incluiu espécies como pinheiro-bravo, pinheiro-manso e medronheiro, com o objetivo de restaurar a cobertura florestal e tornar o ecossistema mais resistente. Em zonas de linhas de água temporárias, foram introduzidas espécies ripícolas, como amieiros e salgueiros.
Além da plantação, foram realizadas outras ações, como:
- Remoção de espécies invasoras;
- Sementeira de herbáceas e arbustivas autóctones;
- Promoção da regeneração natural;
- Parcerias com apicultores para reforço da biodiversidade.
O projeto conta com o apoio de mais de 20 entidades, incluindo empresas, escolas e cidadãos. O custo estimado é de mil euros por hectare, abrangendo a recuperação, aquisição de plantas e manutenção da área.
Resiliência contra incêndios e proteção da Lagoa da Ervedeira
A reflorestação visa também aumentar a resiliência da área a incêndios e intempéries. No entanto, Luís Lopes sublinha que a proteção da Lagoa da Ervedeira dependerá do trabalho contínuo nos próximos anos.
“O nível da lagoa tem estado a subir de forma estável, o que é crítico considerando a falta de água. A preservação deste ecossistema dependerá da ação direta sobre os talhões, da proteção dos aglomerados envolventes e do comportamento humano“, frisou o vereador.
Embora a Mata Nacional do Urso seja da responsabilidade do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a Câmara de Leiria optou por assumir um papel ativo na sua recuperação, mobilizando a comunidade para a preservação do território.