Foz Côa, 4 de junho de 2025 — Os 39 cães resgatados do Canil Municipal de Vila Nova de Foz Côa encontram-se estabilizados e em fase de recuperação, acompanhados por veterinários, revelou hoje o presidente da Intervenção e Resgate Animal (IRA), Tomás Pires.
No total, 70 cães foram retirados na passada sexta-feira do canil, que se encontrava em situação ilegal e sem condições adequadas de higiene e habitabilidade. Segundo Tomás Pires, um dos animais acolhidos por outra instituição não resistiu e veio a falecer.
“Temos cadelas em fase de gestação, animais muito debilitados, parasitados e com doenças graves como a febre da carraça e anemias,” detalhou o responsável, alertando para a gravidade dos problemas clínicos associados à falta de cuidados que estes cães sofreram.
Para além do acompanhamento do IRA, 13 destes cães foram encaminhados para o Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (HVUTAD), em Vila Real, para tratamento clínico e esterilização. O diretor do hospital, Filipe Silva, descreveu o estado dos animais como “lastimável”, com sinais de subnutrição, parasitismo e feridas provocadas por insetos.
Após o tratamento e recuperação, os cães serão encaminhados para o Santuário Vida Boa, onde ficarão à espera de adoção.
O diretor do HVUTAD lamentou o “erro crasso” na gestão dos cuidados aos animais, destacando o problema do abandono e a necessidade de promover a adoção responsável.
Tomás Pires criticou ainda as declarações do presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa, João Paulo Sousa, que afirmou terem sido investidos mais de 50 mil euros em cuidados e esterilização dos cães do canil. Para o dirigente do IRA, esta situação expõe um “total desinteresse pelos animais” por parte do município, que não contactou as associações de acolhimento envolvidas no resgate.
A operação de resgate foi levada a cabo pela GNR, através do Núcleo de Investigação de Crimes e Contraordenações Ambientais (NICCOA), em colaboração com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). O canil foi encerrado por falta de licenciamento.
O presidente da Câmara admitiu desconhecer a ilegalidade do canil, alegando dificuldades na adaptação do espaço às novas normas. O município prometeu prestar esclarecimentos posteriormente.