A Infraestruturas de Portugal (IP) avançou, no final de novembro, com um estudo para avaliar o futuro da Linha do Vouga, a única linha em via estreita do país. Este estudo inclui uma análise de procura de passageiros e de custo-benefício, considerando três cenários: sem eletrificação, com eletrificação e um terceiro ainda mais ambicioso, que contempla a ligação da linha à rede ferroviária nacional.
Entre as possibilidades em análise, está a transformação da secção entre Oliveira de Azeméis e Porto-Campanhã para bitola ibérica, permitindo uma ligação direta com a Linha do Norte. Esta alteração facilitaria a mobilidade entre o interior da região e o Porto, criando um serviço suburbano entre Oliveira de Azeméis e Porto-Campanhã.
Preservação e Modernização em Debate
A hipótese de manter a bitola métrica no percurso entre Aveiro e Oliveira de Azeméis é uma das soluções em cima da mesa, garantindo a continuidade do serviço turístico Vouguinha, reconhecido pela sua importância cultural e patrimonial. Contudo, a coexistência de duas bitolas no mesmo eixo traz desafios técnicos e operacionais que geram controvérsia.
O Movimento Cívico pela Linha do Vouga manifestou preocupação com o impacto deste estudo no atraso da modernização da linha. “Qualquer análise que implique mudanças significativas atrasará ainda mais as obras de requalificação necessárias para restabelecer o serviço de passageiros”, afirmou o grupo, que defende a manutenção integral da bitola métrica.
Mudanças no Contexto Político
A modernização da Linha do Vouga tem sido marcada por mudanças de orientação política. Durante o mandato de Pedro Nuno Santos, ex-ministro das Infraestruturas, o compromisso era de modernizar a linha mantendo a bitola métrica. Contudo, o atual Governo, liderado por Luís Montenegro, tem dado sinais de pretender maior integração com a rede ferroviária nacional, especialmente na ligação com o Porto.
Em setembro, o ministro Miguel Pinto Luz afirmou que a decisão será tomada “de forma concertada com os municípios, visando potenciar a ligação ao núcleo central da Área Metropolitana do Porto”.
Obras em Curso e Prazos
Enquanto os estudos decorrem, algumas obras continuam em desenvolvimento:
- O troço entre Oliveira de Azeméis e Sernada do Vouga deverá ser reaberto em 2025, após anos sem serviço de passageiros.
- Na ligação Espinho-Feira, os trabalhos prolongam-se até início de 2026.
- As intervenções no percurso Águeda-Aveiro estão previstas para o período entre o segundo trimestre de 2025 e o terceiro trimestre de 2026.
Apesar do avanço nas obras, a concretização de uma modernização integrada e eficaz ainda depende das decisões que surgirem do estudo encomendado pela IP, cujos resultados só deverão ser conhecidos no final de 2025.