A reunião do Executivo Municipal de Águeda desta quinta-feira, 4 de dezembro, ficou marcada por um Período Antes da Ordem do Dia particularmente intenso, com a educação, o estado dos espaços públicos e o impacto económico de eventos desportivos no centro das intervenções.

Escolas de Assequins, Espinhel e Aguada de Cima em destaque
O estado das escolas do concelho voltou ao debate, com foco na EB de Assequins, que registou infiltrações significativas durante a tempestade “Cláudia”.
O presidente da Câmara, Jorge Almeida, admitiu tratar-se de uma situação “lamentável”, explicando que o edifício tinha já sido alvo de intervenção pelos serviços municipais, que asseguraram estar o problema resolvido. Contudo, a forte precipitação revelou que as condutas de escoamento encontravam-se totalmente entupidos, impedindo a drenagem.
Jorge Almeida relatou ter-se deslocado pessoalmente ao local, ordenando uma intervenção imediata. Após a limpeza de caleiras e tubos de queda, os Bombeiros de Águeda realizaram testes simulando chuva intensa, tendo sido confirmado o restabelecimento do funcionamento normal do sistema de drenagem.



O autarca referiu que, caso não se verifiquem novas infiltrações, o assunto será considerado resolvido, sublinhando que a escola “tem ótimas condições” e poderá ser pintada durante as férias de Natal. Anunciou ainda a ampliação da EB de Assequins, que irá duplicar a área existente, num projeto já em fase avançada. Garantiu que a escola “não é para fechar”, mas para requalificar e expandir. Esclareceu também que o telhado é recente e não apresenta falhas estruturais.
O vereador socialista José Augusto Mota questionou a existência de um plano de manutenção regular das escolas, ao que Jorge Almeida respondeu que esta área está enquadrada nas delegações de competências atribuídas às juntas de freguesia.

Largo 1.º de Maio: parque infantil com obra adjudicada
Daniela Herculano levantou ainda preocupações relativamente ao estado do parque infantil do Largo 1.º de Maio, referindo sinais evidentes de desgaste e degradação do equipamento, que, na sua perspetiva, justificariam uma intervenção urgente. A vereadora sublinhou que o espaço é muito utilizado por famílias e crianças, pelo que a manutenção e atualização dos equipamentos deveria ser uma prioridade municipal.
Em resposta, o presidente da Câmara, Jorge Almeida, garantiu que o processo de requalificação do parque já está em marcha há vários meses. Explicou que a obra foi submetida a concurso público, encontra-se adjudicada à empresa Soinca e irá resultar na criação de um parque totalmente novo, mais moderno, acessível e dotado de todas as normas de segurança atualmente exigidas.
O autarca acrescentou que, apesar da aparência de desgaste, o parque infantil cumpre todas as condições de segurança, facto que é regularmente comprovado pelas inspeções de que o espaço é alvo. Jorge Almeida frisou que o município apenas mantém em funcionamento equipamentos certificados, reforçando que a requalificação prevista não decorre de falta de segurança, mas sim da necessidade de modernizar o espaço e melhorar a experiência dos utilizadores.
Com esta intervenção, o presidente procurou transmitir confiança às famílias e assegurar que a autarquia acompanha de perto o estado dos equipamentos públicos, ao mesmo tempo que avança com investimentos estruturais que permitam melhorar a qualidade dos espaços de lazer no concelho.
PS questiona ausência do executivo na entrega de prémios do Rali Travocar
A vereadora Daniela Herculano (PS) abriu a sessão com uma intervenção marcada por elogios dirigidos aos pilotos aguedenses Miguel Paião e Pedro Tondela, cuja prestação no Rali Travocar considerou exemplar. A autarca destacou o “mérito desportivo” evidenciado por ambos, sublinhando o esforço, a dedicação e a competitividade demonstrados numa prova que, uma vez mais, voltou a trazer milhares de visitantes ao concelho. Realçou que a participação destes atletas reforça a identidade desportiva de Águeda e projeta o município para além das suas fronteiras, contribuindo “para uma imagem positiva, dinâmica e com talento reconhecido em modalidades de elevada exigência”.
Daniela Herculano salientou ainda que os pilotos locais “são motivo de orgulho” não só pelos resultados obtidos, mas também pela forma como representam Águeda em contextos desportivos que contam com forte visibilidade mediática e grande afluência de público. A vereadora afirmou que o município deve acompanhar e valorizar estes desempenhos, de modo a incentivar o desenvolvimento desportivo e a motivar as gerações mais jovens.
Após este momento de felicitação, a autarca passou a uma crítica direta, questionando a ausência de representantes do executivo municipal na cerimónia de entrega de prémios do Rali Travocar. Considerou “estranha e inesperada” a falta de presença institucional, num fim de semana que mobilizou a cidade, envolveu pilotos locais e atraiu milhares de visitantes. Para Daniela Herculano, a representação do executivo teria sido “não apenas adequada, mas desejável”, enquanto sinal de apoio ao desporto motorizado e reconhecimento pela organização do evento.
A vereadora enfatizou que a presença do executivo “não é um formalismo”, mas um gesto simbólico de valorização do trabalho de todos os envolvidos — desde organizadores a participantes — e de reforço do vínculo entre o município e uma das provas que mais projeção tem dado a Águeda nos últimos anos.
Concluiu, por isso, pedindo esclarecimentos: se a ausência se deveu a um conflito de agendas, a uma falha de comunicação interna, a problemas de organização ou a outro motivo que justificasse o que descreveu como um “lapso institucional”. Segundo Herculano, o simples ato de estar presente seria “um gesto simples, mas profundamente significativo”, capaz de transmitir a proximidade e o apoio que o município afirma querer dar aos eventos que acolhe.

O vice-presidente Edson Santos respondeu de forma firme às críticas relativas à alegada ausência de membros do executivo na cerimónia do Rali Travocar. Garantiu que essa perceção “não corresponde à verdade”, sublinhando que “estivemos lá, nomeadamente o senhor presidente”, e assegurando que o executivo acompanhou o evento “todos os dias, desde o início até ao final”. Segundo o autarca, a presença no terreno demonstrou o empenho da Câmara Municipal no apoio a uma prova que considera determinante para a projeção do concelho e criticando a vereadora por falta de atenção.
Edson Santos aproveitou ainda para abordar um segundo ponto que tem gerado forte discussão pública: o facto de vários restaurantes e estabelecimentos comerciais terem permanecido fechados durante o fim de semana do rali, precisamente numa altura em que a cidade registou um fluxo excecional de visitantes. Considerando tratar-se de uma oportunidade perdida para o comércio local, o vice-presidente revelou que a Câmara já marcou reuniões com a ARESHP – Associação da Restauração e Similares de Portugal – e com a ACOAG – Associação Comercial de Águeda, com o objetivo de preparar uma estratégia concertada que permita, nos próximos anos, alinhar melhor os horários e a disponibilidade dos estabelecimentos com eventos de grande dimensão.
O autarca sublinhou que estas reuniões pretendem identificar barreiras, ouvir comerciantes e encontrar soluções que potenciem o impacto económico de eventos como o Rali Travocar, reforçando que o município quer trabalhar em cooperação com o setor empresarial local.
No plano político, Edson Santos dirigiu críticas ao vereador socialista José Augusto Mota, acusando-o de recorrer às redes sociais “para falar mal” e criar perceções negativas em torno do trabalho municipal. Esclareceu que as suas próprias publicações sobre o tema tiveram precisamente o propósito inverso: “provocar debate, chamar a atenção e encontrar soluções concretas” para o problema identificado.
“Estamos muito à vontade na defesa do comércio tradicional e da restauração. Estamos aqui para resolver este problema”, afirmou, reforçando a disponibilidade do executivo para dialogar e para ajustar estratégias sempre que necessário, sublinhando que o foco principal deve ser o desenvolvimento económico e a valorização dos agentes locais.

Réplica de Mota e troca de argumentos
José Augusto Mota respondeu sublinhando que o problema agora discutido não era novo e que já tinha sido por si assinalado noutras ocasiões. O vereador recordou que, em momentos anteriores, alertara para a necessidade de um planeamento mais rigoroso relativamente ao envolvimento do comércio local nos grandes eventos da cidade. “O que faz falta neste evento é planeamento”, reiterou, destacando que o rali representa uma oportunidade relevante para o tecido económico de Águeda e que a autarquia deve antecipar cenários para garantir que essa oportunidade é plenamente aproveitada. Apesar das críticas, Mota admitiu que ficou satisfeito por ver o tema finalmente a merecer atenção e preocupação pública.
A troca de argumentos intensificou-se quando Edson Santos desafiou o vereador a apresentar soluções concretas, caso considerasse que o processo seria simples de resolver. Mota ripostou prontamente: “Dê-me funções executivas e eu digo-lhe”, frase que lançou um tom mais político ao debate e deixou implícita a disponibilidade para discutir propostas de forma mais aprofundada — desde que lhe fosse atribuído um papel com responsabilidade direta. Este momento abriu ainda a possibilidade de uma futura reunião entre ambos, caso o vice-presidente aceite explorar as ideias que o vereador afirmou estar disposto a apresentar.
José Augusto Mota reforçou que, independentemente das responsabilidades distribuídas, cabe ao município procurar soluções, assegurando que a gestão dos eventos deve ser acompanhada por uma estratégia clara que envolva comerciantes, restauração, associações e restantes parceiros.
Edson Santos, por sua vez, insistiu que a realidade é mais complexa do que o vereador socialista aparenta reconhecer. Sublinhou a “escala logística muito significativa” envolvida na organização de eventos municipais desta dimensão, apontando que Mota não tem plena perceção do volume de trabalho, coordenação e antecipação necessários para garantir o seu sucesso. Segundo o vice-presidente, simplificar o problema pode criar expectativas irrealistas e ignorar as múltiplas variáveis que condicionam a atuação do executivo.
O debate terminou sem consenso, mas evidenciou a necessidade — reconhecida por todos — de aperfeiçoar a articulação entre o evento e o comércio local, bem como de reforçar os mecanismos de planeamento para futuras edições.

“Nunca, nunca, nunca teve tantas pessoas em Águeda”
A encerrar o debate, o presidente da Câmara, Jorge Almeida, fez questão de sublinhar a importância e a escala inédita do Rali Travocar na dinâmica recente do concelho. Destacou que o evento atingiu um patamar “absolutamente extraordinário” em termos de adesão do público, afirmando que o domingo à noite foi, muito provavelmente, “o momento em que Águeda acolheu o maior número de pessoas de sempre”.
O autarca referiu que a cidade viveu um ambiente vibrante, com ruas cheias, forte presença de visitantes vindos de vários pontos do país e um impacto visível na projeção externa do concelho. Segundo Jorge Almeida, este nível de afluência confirma que o Rali Travocar se tornou num dos maiores acontecimentos desportivos e promocionais de Águeda, com capacidade para atrair público, dinamizar o território e reforçar a marca da cidade.
Sublinhou ainda que esta expressão popular “não acontece por acaso”, mas resulta de anos de trabalho conjunto entre município, organização, equipas, forças de segurança, bombeiros e demais entidades envolvidas. Para o presidente, estes números demonstram que Águeda está preparada para acolher grandes eventos e que deve continuar a apostar na sua valorização, garantindo condições logísticas, segurança e uma articulação crescente com o tecido económico local.
Jorge Almeida concluiu afirmando que a autarquia está empenhada em continuar a melhorar e a consolidar este tipo de iniciativas, aproveitando o seu potencial turístico, económico e promocional: “É um orgulho ver tanta gente na nossa cidade. Águeda mostrou, mais uma vez, a sua força e dinâmica.”






